"Os verdadeiros progressistas são os que partem de um profundo respeito ao passado. "( Joseph Ernest Renan )

domingo, 25 de julho de 2010

Pesquisa mostra que população idosa contribui com 54% da renda familiar

As pessoas com 60 anos ou mais são 9,6% da população, mas há pelo menos um idoso em 25% dos lares brasileiros. Nessas famílias, em geral constituídas também por filhos e até netos, os idosos contribuem, em média, com 54% do orçamento familiar. Os dados são da demógrafa Ana Amélia Camarano, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que discutiu os gastos públicos com pessoas da terceira idade.
"Os idosos têm sido vistos como grandes beneficiados por gastos públicos. Mas o debate não leva em consideração a transferência da renda do idoso para filhos e netos, que tem um efeito multiplicador importante nesses 25% de famílias que vivem com pelo menos um idoso. Nessas famílias, mais do que contribuindo com o orçamento familiar, a renda do idoso leva a que menos crianças trabalhem e freqüentem mais a escola", disse Ana Amélia. Ela lembrou que a aposentadoria rural e o piso de um salário mínimo para aposentadorias e pensões, instituídos na Constituição de 1988, foram decisivos para a melhora da renda dos idosos.
Ana Amélia é autora do livro "Os novos idosos brasileiros: muito além dos 60?", lançado ontem durante seminário com o mesmo nome. Com base em dados do IBGE e do banco de dados do Sistema Único de Saúde (SUS), a demógrafa traça um perfil dos idosos brasileiros e discute o futuro da população em um país como o Brasil, em que o envelhecimento da população tem acontecido em ritmo acelerado, em conseqüência da queda das taxas de natalidade e de mortalidade.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2003, divulgada pelo IBGE, aponta uma população de 16,7 milhões de brasileiros com 60 anos ou mais, 7,3 milhões homens e 9,3 milhões mulheres. Mostra ainda que os idosos eram 6,4% da população em 1981, passaram para 8% em 1993 e chegaram aos atuais 9,6%.
Autonomia
Diante do fato de que o brasileiro está vivendo mais e haverá cada vez mais idosos, é preciso pensar na qualidade de vida desta população, recomenda a pesquisadora. Ela citou como motivo de preocupação o fato de que "40% do tempo vivido pelos idosos brasileiros se dão sem saúde". O desafio, segundo ela, é adiar as doenças que limitam a autonomia.
O geriatra Luiz Roberto Ramos, diretor do Centro de Estudos do Envelhecimento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), lembrou que fundamental para o idoso não é estar livre de qualquer doença, porque as enfermidades sempre aparecem nos mais velhos, mas manter a autonomia e a "funcionalidade". Ramos ressaltou que uma vida saudável na terceira idade depende de cuidados bem antes disso.
"Atitudes aos 20, 30 ou 40 anos são determinantes da saúde aos 70", diz o médico. "O importante é viver muito com funcionalidade e a funcionalidade ainda não está garantida para os idosos brasileiros."
No livro, Ana Amélia mostra que uma em cada cinco mulheres idosas vive em casa de parentes e que 18,5% não têm renda.
Na população idosa feminina, 17,1% não têm autonomia para lidar com as atividades do cotidiano e 8,3% não enxergam. Entre os homens idosos, as proporções são um pouco menores: 13,3% não são autônomos para atividades do cotidiano e 7,4% não enxergam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário